Avançar para o conteúdo principal

FIÓDOR DOSTOIÉVSKI - HUMILHADOS E OFENDIDOS

Após o prolongado exílio na sibéria, que viria a inspirar Cadernos da Casa Morta, Dostoiévski publicou, em 1861, o romance Humilhados e Ofendidos, onde expõe a desumanidade do seu tempo e do seu país, em que os ricos e poderosos escravizavam e humilhavam os mais pobres. Este romance constituiu o ponte de viragem para as suas grandes obras trágicas, em que a luta entre o Bem e o Mal e o sofrimento dos inocentes serão sempre temas omnipresentes. É narrado por um jovem autor, Vânia, que acaba de publicar o seu primeiro romance - uma alusão quase autobiográfica -, embora continue  a debater-se com grandes dificuldades de vida, e cuja compaixão e curiosidade acabam por fazê-lo envolver-se ainda nos dramas alheios. O livro começa com o relato da patética morte de um velho abandonado, que há-de levar Vânia a conhecer Nelly, uma das mais comoventes personagens inspirada provavelmente em Dickens. Numa linha narrativa simultânea, Vânia descreve o drama de Natacha, sua amiga de infância, que foge com Aliocha, um jovem imaturo e rico. Vânia acaba por desempenhar aqui quase o papel do detective que reúne as peças de um puzzle montado pelo maquiavelismo de um aristocrata sem escrúpulos.

editorial presença - 1ªedição outubro, 2008


Comentários

Mensagens populares deste blogue

SIMONE DE BEAUVOIR - O SANGUE DOS OUTROS

"Contar as vidas humanas, comparar o peso de uma lágrima com o peso de uma gota de sangue, era uma tarefa impossível, mas ele já não tinha que fazer contas, e toda a moeda era boa, mesmo essa: o sangue dos outros. O preço nunca seria caro de mais." Com a Segunda Guerra Mundial como pano de fundo, O Sangue dos Outros narra-nos a história de amor entre Hélène e Jean. No entanto, a frase de Dostoievski que inaugura o romance, "Todos somos responsáveis por tudo perante todos", já nos anuncia aquele que será o eixo temático da narração: a responsabilidade do indivíduo na sociedade em que vive, as implicações do compromisso ideológico, o preço a pagar pela liberdade, o papel dos líderes políticos... Todas estas linhas temáticas têm como pano de fundo as questões filosóficas colocadas pelo movimento existencialista, do qual Simone de Beauvoir, com Jean-Paul Sartre e Albert Camus, foi uma das impulsionadoras. Embora este romance, assim como outros da autora

A História Secreta da Humanidade - Michael Cremo e Richard Thompson

ORIGENS, IDENTIDADE E DESTINO DA HUMANIDADE À LUZ DE UMA NOVA INTERPRETAÇÃO A s origens do homem moderno são assim tão recentes? A teoria da evolução é assim tão cientificamente documentada e inatacável? Uma interpretação arqueológica recente de dois investigadores demonstra o contrário. Ao longo dos últimos dois séculos investigadores descobriram ossos e artefactos indicando que seres como nós existiram na Terra há milhões de anos e não há 100 mil como acreditamos. Mas a ciência convencional parece ter eliminado, ignorado ou esquecido esses factos notáveis. Este livro traz à tona descobertas que contrariam a crença dominante sobre a antiguidade e a evolução do Homem.  Reunindo um número significativo de factos convincentes iluminados com a sua análise crítica, Cremo e Thompson desafiam-nos a repensar a nossa compreensão sobre as origens, a identidade e o destino da humanidade. Marcador Editora, setembro de 2019 https://www.presenca.pt/collections/marcador MNT  Introdução e Agrad

DANIEL INNERARITY - A SOCIEDADE INVISÍVEL

Este livro oferece-nos várias chaves de orientação filosófica para entender um mundo que se nos tornou especialmente complexo, que já não está territorialmente delimitado, nem polarizado ideologicamente, nem manejado por uma burocracia exacta. Observar bem a realidade é uma tarefa interpretativa que exige desenvolver uns hábitos semelhantes aos da espionagem, sobretudo quando o mais imediato é o mais enganoso e a crescente complexidade não se combate acumulando dados ou informações, mas mediante uma boa interpretação. O facto de a sociedade se nos ter tornado algo invisível significa que assistimos a um processo de virtualização geral, o que se manifesta em domínios tão diversos como a globalização, a nova economia, a transformação dos espaços sociais, as novas guerras, a encenação politica, a construção social do medo, a crescente importância de antecipar o futuro ou a renovação das utopias.      teorema - julho 2009

ARNOLD HAUSER - HISTÓRIA SOCIAL DA ARTE E DA LITERATURA

"Uma obra marcante, cuja riqueza quantitativa e qualitativa pode ser apenas sugerida em uma resenha. O contexto temporal é extraordinariamente amplo... O valor da obra consiste principalmente no fato de que Hauser, fundamentando em um conhecimento preciso de fontes e literatura especializada, reúne resultados excepcionalmente claros da sociologia da arte, da música e da literatura. Com isso, ao lado de uma riqueza de investigação sociológica não específica, são avaliadas as importantes escolas da sociologia burguesa europeia e americana, de Taine , Max Weber , Dilthey , Troeltseh, Simmel, Sombart, Veblen até Karl Mannheim, Levin Schueking e outros críticos. Hauser, além desses pesquisadores burgueses, examina também Marx, Engels, Mehring, Kautsky, Lenin e Georg Lukács e une as descobertas destes às suas próprias observações, dando mostras, assim, de sua imparcialidade. ... Deve-se desejar que sociólogos, assim como historiadores de todas as tendências, estudem cuidadosamente

FRANCIS FUKUYAMA - O FIM DA HISTÓRIA E O ÚLTIMO HOMEM

À medida que o século XXI se aproxima, Francis Fukuyama pede que regressemos a uma questão que tem sido levantada pelos grandes filósofos do passado: a história da humanidade segue uma direcção? E, se é direccional, qual o seu fim? E em que ponto nos encontramos em relação ao «fim da história»? Nesta análise empolgante e profunda, Fukuyama apresenta elementos que sugerem a presença de duas poderosas forças na história humana. A uma chama «a lógica da ciência moderna», a outra «a luta pelo reconhecimento». A primeira impele o homem a preencher o horizonte cada vez mais vasto de desejos através do processo económico racional; a segunda é, de acordo com Fukuyama (e Hegel), nada menos do que o próprio «motor da história». gradiva - 2ª edição 1999    Ligações ao livro/autor: http://www.marxists.org/reference/subject/philosophy/works/us/fukuyama.htm https://fukuyama.stanford.edu/ http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u29838.shtml http://observador.pt/2015/05/24/fu