Após o prolongado exílio na sibéria, que viria a inspirar Cadernos da Casa Morta, Dostoiévski publicou, em 1861, o romance Humilhados e Ofendidos, onde expõe a desumanidade do seu tempo e do seu país, em que os ricos e poderosos escravizavam e humilhavam os mais pobres. Este romance constituiu o ponte de viragem para as suas grandes obras trágicas, em que a luta entre o Bem e o Mal e o sofrimento dos inocentes serão sempre temas omnipresentes. É narrado por um jovem autor, Vânia, que acaba de publicar o seu primeiro romance - uma alusão quase autobiográfica -, embora continue a debater-se com grandes dificuldades de vida, e cuja compaixão e curiosidade acabam por fazê-lo envolver-se ainda nos dramas alheios. O livro começa com o relato da patética morte de um velho abandonado, que há-de levar Vânia a conhecer Nelly, uma das mais comoventes personagens inspirada provavelmente em Dickens. Numa linha narrativa simultânea, Vânia descreve o drama de Natacha, sua amiga de infância, que foge com Aliocha, um jovem imaturo e rico. Vânia acaba por desempenhar aqui quase o papel do detective que reúne as peças de um puzzle montado pelo maquiavelismo de um aristocrata sem escrúpulos.
editorial presença - 1ªedição outubro, 2008
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