Avançar para o conteúdo principal

Émile Durkheim


Émile Durkheim




Pensador francês que estabeleceu a sociologia como uma disciplina académica.

Durkheim é o pai da sociologia moderna e um dos primeiros arquitetos das ciências sociais em geral, conjuntamente com Auguste Comte, Karl Marx e Max Weber.

Tendo adotado a filosofia positivista de Comte, Durkheim estabeleceu a sociologia como uma disciplina académica plenamente madura que, embora devesse muito à filosofia, passaria a estar separada dela. Em 1895, desenvolveu uma metodologia original para “fazer” sociologia, que está rigorosamente destrinçada no seu livro As regras do método sociológico; e nesse mesmo ano também criou em Bordéus o primeiro departamento universitário de sociologia.

 Durkheim definia os factos sociais como “factos com características muito distintivas: eles consistem em modos de agir, pensar e sentir, externos ao indivíduo e dotados de um poder de coerção, motivo pelo qual o controlam”. Em contraste com a tradição do idealismo alemão, que via o sujeito individual como o criador do seu mundo, Durkheim identificava os fenómenos sociais exteriores ao homem como forças formando a maior parte da sua experiência.

O aspeto positivista do método de Durkheim era identificar factos sociais, descrever as prescrições morais inerentes a eles e assim estudar o efeito de transgressões contra eles. Isso significava que, para Durkheim, as raízes da sociologia estavam na ética; de facto, ele descrevia a sociologia como “uma ciência da ética”.

O seu trabalho mais conhecido no século XXI, O suicídio (1897), é uma exploração do facto social que condena o suicídio, e da transgressão generalizada contra ele. Durkheim usava uma metáfora retirada da química para elaborar a sua visão da sociologia como uma ciência da ética, assim como o método positivista que ele empregava. Ele via o indivíduo como alguém que pertencia a um grupo social; e grupos sociais, como compostos químicos, são mais do que apenas a soma dos seus elementos constituintes. Ele usava também uma metáfora retirada da medicina. Tendo descrito – diagnosticado, se se quiser – um facto social e a relação que o indivíduo estabelece com ele (aceitar ou transgredir as regras implícitas ou explícitas do facto social), Durkheim “prescrevia” um remédio para a doença social identificada.

O comentador de Durkheim, Robert Alun Jones, observou que “Durkheim sempre concebeu as sociedades como sujeitas a condições de ‘saúde’ ou ‘doença’ moral e o sociólogo como uma espécie de ‘médico’ que determina cientificamente a condição particular de uma sociedade particular em um tempo particular e que depois prescreve o ‘remédio’ social necessário à manutenção ou recuperação do bem-estar”. (Emile Durkheim, 1986).
 


Comentários

Mensagens populares deste blogue

SIMONE DE BEAUVOIR - O SANGUE DOS OUTROS

"Contar as vidas humanas, comparar o peso de uma lágrima com o peso de uma gota de sangue, era uma tarefa impossível, mas ele já não tinha que fazer contas, e toda a moeda era boa, mesmo essa: o sangue dos outros. O preço nunca seria caro de mais." Com a Segunda Guerra Mundial como pano de fundo, O Sangue dos Outros narra-nos a história de amor entre Hélène e Jean. No entanto, a frase de Dostoievski que inaugura o romance, "Todos somos responsáveis por tudo perante todos", já nos anuncia aquele que será o eixo temático da narração: a responsabilidade do indivíduo na sociedade em que vive, as implicações do compromisso ideológico, o preço a pagar pela liberdade, o papel dos líderes políticos... Todas estas linhas temáticas têm como pano de fundo as questões filosóficas colocadas pelo movimento existencialista, do qual Simone de Beauvoir, com Jean-Paul Sartre e Albert Camus, foi uma das impulsionadoras. Embora este romance, assim como outros da autora

A História Secreta da Humanidade - Michael Cremo e Richard Thompson

ORIGENS, IDENTIDADE E DESTINO DA HUMANIDADE À LUZ DE UMA NOVA INTERPRETAÇÃO A s origens do homem moderno são assim tão recentes? A teoria da evolução é assim tão cientificamente documentada e inatacável? Uma interpretação arqueológica recente de dois investigadores demonstra o contrário. Ao longo dos últimos dois séculos investigadores descobriram ossos e artefactos indicando que seres como nós existiram na Terra há milhões de anos e não há 100 mil como acreditamos. Mas a ciência convencional parece ter eliminado, ignorado ou esquecido esses factos notáveis. Este livro traz à tona descobertas que contrariam a crença dominante sobre a antiguidade e a evolução do Homem.  Reunindo um número significativo de factos convincentes iluminados com a sua análise crítica, Cremo e Thompson desafiam-nos a repensar a nossa compreensão sobre as origens, a identidade e o destino da humanidade. Marcador Editora, setembro de 2019 https://www.presenca.pt/collections/marcador MNT  Introdução e Agrad

ARNOLD HAUSER - HISTÓRIA SOCIAL DA ARTE E DA LITERATURA

"Uma obra marcante, cuja riqueza quantitativa e qualitativa pode ser apenas sugerida em uma resenha. O contexto temporal é extraordinariamente amplo... O valor da obra consiste principalmente no fato de que Hauser, fundamentando em um conhecimento preciso de fontes e literatura especializada, reúne resultados excepcionalmente claros da sociologia da arte, da música e da literatura. Com isso, ao lado de uma riqueza de investigação sociológica não específica, são avaliadas as importantes escolas da sociologia burguesa europeia e americana, de Taine , Max Weber , Dilthey , Troeltseh, Simmel, Sombart, Veblen até Karl Mannheim, Levin Schueking e outros críticos. Hauser, além desses pesquisadores burgueses, examina também Marx, Engels, Mehring, Kautsky, Lenin e Georg Lukács e une as descobertas destes às suas próprias observações, dando mostras, assim, de sua imparcialidade. ... Deve-se desejar que sociólogos, assim como historiadores de todas as tendências, estudem cuidadosamente

FRANCIS FUKUYAMA - O FIM DA HISTÓRIA E O ÚLTIMO HOMEM

À medida que o século XXI se aproxima, Francis Fukuyama pede que regressemos a uma questão que tem sido levantada pelos grandes filósofos do passado: a história da humanidade segue uma direcção? E, se é direccional, qual o seu fim? E em que ponto nos encontramos em relação ao «fim da história»? Nesta análise empolgante e profunda, Fukuyama apresenta elementos que sugerem a presença de duas poderosas forças na história humana. A uma chama «a lógica da ciência moderna», a outra «a luta pelo reconhecimento». A primeira impele o homem a preencher o horizonte cada vez mais vasto de desejos através do processo económico racional; a segunda é, de acordo com Fukuyama (e Hegel), nada menos do que o próprio «motor da história». gradiva - 2ª edição 1999    Ligações ao livro/autor: http://www.marxists.org/reference/subject/philosophy/works/us/fukuyama.htm https://fukuyama.stanford.edu/ http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u29838.shtml http://observador.pt/2015/05/24/fu

FRANK TIPLER - A FÍSICA DA IMORTALIDADE

FRANK TIPLER - A FÍSICA DA IMORTALIDADE THE PHYSICS OF IMMORTALITY - MODERN COSMOLOGY, GOD AND THE RESURRECTION OF THE DEAD do prefácio « É muito raro, nos tempos que correm, deparar com um livro em que se proclame a unificação da ciência e da religião. É um facto excepcional encontrar uma obra em que se declare, como farei ao longo deste livro, que a teologia é um ramo da física, que os físicos podem inferir a existência de Deus através do cálculo e a probabilidade da ressurreição dos mortos para a vida eterna exactamente da mesma forma como os físicos calculam as propriedades do electrão. É natural que se perguntem se estou a falar a sério. Estou a falar muito seriamente, mas estou tão surpreso como o leitor. Quando iniciei a minha carreira como cosmólogo, há cerca de vinte anos, era um ateu convicto. Nunca imaginei, nos meus sonhos mais loucos, que um dia viria a escrever um livro com o objectivo de mostrar que as afirmações da teologia judaico-cristã são de facto verdadeiras,